Curso 05: Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade em Educação

Izabel Petraglia

Maria Cândida Moraes

CEP – Edgar Morin

 

“A educação atual privilegia a inteligência do homem, em detrimento de sua sensibilidade e de seu corpo, o que certamente foi necessário em determinada época para permitir a explosão do saber.

 Todavia, esta preferência, se continuar, vai nos arrastar para a lógica louca da eficácia, que só pode desembocar em nossa autodestruição”.

Nicolescu (2000, p. 105)

 

“A transdisciplinaridade é um princípio epistemológico e metodológico que pressupõe atitude de abertura do espírito humano ao vivenciar processos que envolvem uma lógica diferenciada, uma nova maneira de pensar, de perceber e de compreender a realidade

e a dinâmica da vida” (M.C. Moraes).

 

É possível ampliar e diferenciar esses dois princípios epistemológicos, conceituá-los adequadamente, percebendo suas nuances e dimensões envolvidas, bem como suas respectivas implicações nos processos de construção do conhecimento e de ensino e aprendizagem? O que esses princípios têm a ver com a crise civilizatória em que estamos envolvidos? E com a crise antropológica, social e ambiental que estamos vivendo? Os pensamentos disciplinar e multidisciplinar dão conta de resolver os problemas ecológicos, ambientais, sanitários e humanitários que tanto nos afligem?

 

Sabemos que não! Nossos problemas são de natureza complexa e transdisciplinar, o que, por sua vez, requer soluções equivalentes, compatíveis com sua natureza epistemológica? Necessitamos de um pensamento mais elaborado, mais aprofundado, de natureza interdisciplinar e transdisciplinar, capaz de gerar novos modos de conhecer a realidade, para que possamos dar conta dos desafios globais que afetam o nosso viver/conviver cotidiano.

 

Nossas crises emergem nos mais diferentes âmbitos e nas mais diversas proporções. São, portanto, crises de natureza complexa, global, implicando diferentes dimensões da vida, já que elas se apresentam em níveis de realidade distintos, se infiltram por todos os poros, espalhando-se por todos os espaços. De certa forma, tais crises são reflexos de nossos pensamentos, ações, valores, hábitos, atitudes e estilos de vida, consequências da maneira equivocada com que dialogamos com o mundo e com a vida.