Entrando simultaneamente na Resistência e no comunismo aos vinte anos, Edgar Morin experimentou dúvidas em relação a este último desde a Libertação, então, do desgosto à desilusão, na época dos julgamentos e expurgos da “segunda era glacial” stalinista, da rejeição mútua em 1951. A sua adesão ao Partido durou dez anos, durante os quais viu como o Aparelho podia transformar um homem valente num cobarde, um herói num monstro, um mártir num carrasco. Este livro, publicado pela primeira vez em 1959, reeditado diversas vezes e aqui ampliado com um novo prefácio, é o relato sincero de uma aventura espiritual.

 

Neste desvio do infame exercício de confissão pública que o poder soviético exigia daqueles de quem pretendia livrar-se, Edgar Morin não se contenta, porém, em denunciar a distorção de uma ideologia. Restaura o comunismo na sua dimensão humana, mostrando como foi capaz de levar e trair os maiores ideais. Ao elucidar o caminho pessoal que o levou à conversão à grande religião terrena do século XX, liberta-se para sempre de uma forma de pensar, de julgar, de condenar, que é a de todos os dogmatismos e de todos os fanatismos.

 

Este testemunho, que é o de uma geração, é também uma lição atual na nossa época ameaçada por novos obscurantismos.

 

 

 

 

Entrando simultaneamente na Resistência e no comunismo aos vinte anos, Edgar Morin experimentou dúvidas em relação a este último desde a Libertação, então, do desgosto à desilusão, na época dos julgamentos e expurgos da “segunda era glacial” stalinista, da rejeição mútua em 1951. A sua adesão ao Partido durou dez anos, durante os quais viu como o Aparelho podia transformar um homem valente num cobarde, um herói num monstro, um mártir num carrasco. Este livro, publicado pela primeira vez em 1959, reeditado diversas vezes e aqui ampliado com um novo prefácio, é o relato sincero de uma aventura espiritual.

 

Neste desvio do infame exercício de confissão pública que o poder soviético exigia daqueles de quem pretendia livrar-se, Edgar Morin não se contenta, porém, em denunciar a distorção de uma ideologia. Restaura o comunismo na sua dimensão humana, mostrando como foi capaz de levar e trair os maiores ideais. Ao elucidar o caminho pessoal que o levou à conversão à grande religião terrena do século XX, liberta-se para sempre de uma forma de pensar, de julgar, de condenar, que é a de todos os dogmatismos e de todos os fanatismos.

 

Este testemunho, que é o de uma geração, é também uma lição atual na nossa época ameaçada por novos obscurantismos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Autocritica-1994

 

Encontramo-nos hoje no dealbar de um novo século, que, no caso concreto, é também o dealbar de um novo milénio. Um tempo privilegiado sem dúvida para fazer um balanço da história, sobretudo recente, da humanidade, e para perspectivar o seu futuro.
Para tanto, é indispensável que se torne inventariar os problemas com que a humanidade se debate. E, ao falar deles, imediatamente nos ocorrem as palavras óbvias com que costumam ser indicadas: a fome, o nuclear, o subdesenvolvimento, o ecológico, o racismo, o totalitarismo, o colonialismo mais ou menos disfarçado, a opressão…

Mas serão estes são os reais problemas do nosso tempo? Para o descobrir, temos talvez que transporte o fenomenológico para nos situarmos no campo da ontologia, da gnoseologia onde encontramos, aqui, explicação dos problemas a que aludimos. E encontrar-nos-emos a falar da verdade e do erro, da dúvida e da certeza, da ciência e da fé, do ético e do moral.