Literatura de Complexidade Edgar Morin e Honoré de Balzac

Sugere que a literatura é aquilo que é capaz de tecer o disperso e fragmentado. Apresentaremos o argumento moriniano de que pelos romances podemos conhecer os sentimentos dos seres humanos, suas relações com o outro e o mundo, ou seja, percebemos que as tramas das personagens, lugares, tempo e acontecimentos não se reduzem, por exemplo, apenas a uma dimensão sociológica e psicológica, “mas também uma dimensão histórica, política, filosófica”. Como defende Edgar Morin, O romance ensina a enxergar a complexidade humana. Como exercício de uma literatura de complexidade, argumentamos que a obra de Honoré de Balzac se aproxima de uma literatura da complexidade por meio do engendramento de uma rede de personagens, tramas de conhecimento e ações. A nosso ver, o projeto da Comédia Humana antecipa, avant la lettre, a noção de rede social da internet. Sobretudo se pensarmos na estrutura comunicacional a partir do retorno ou do reaparecimento de personagens em várias obras e na linguagem da web como narrativas (e imaginários) que se conectam uns aos outros. Não teria Balzac, com a sua A Comédia Humana, antecipado uma comunicação hipertextual, na medida em que criou o método narrativo do reaparecimento de personagens e romances que se conectam indefinidamente? O universo rizomático da Comédia é a própria literatura de complexidade por seu modelo aberto, recursivo, dialógico e de religação entre saberes distintos.