Ementa

Partimos do pressuposto de que os processos educacionais, como experiências de natureza fenomenológica complexa e transdisciplinar, implicam uma nova formulação ontológica e epistemológica, com seus desdobramentos metodológicos congruentes com os aspectos teóricos professados. Requer, portanto, uma nova visão paradigmática da ciência da educação, condição fundamental para a reforma do pensamento e melhoria da qualidade da ação educativa. Ao mesmo tempo, esta concepção novo paradigmática da ciência exige um outro olhar sobre a pesquisa, confirmando a necessidade de algumas ressignificações conceituais importantes, como os conceitos de “método”, metodologia, coleta e “análise de dados” etc., que aludem a um fazer científico inerente aos pressupostos do paradigma tradicional da ciência.

Isto exige o repensar de algumas terminologias, procedimentos e estratégias de produção do conhecimento científico a partir dos referenciais epistemológicos da complexidade. Esta, por sua vez, para o exercício de uma nova racionalidade, requer a percepção das múltiplas perspectivas e contextos envolvidos na problemática investigada, visando sua melhor compreensão.

Hoje sabemos que paradigma, epistemologia e método são elementos inseparáveis, constituintes de uma trilogia que não pode ser rompida. A epistemologia da complexidade desafia o pesquisador a repensar suas pesquisas a partir de estratégias metodológicas inovadoras, criativas, capazes de iluminar e oxigenar a produção cientifica, aproximando-a dos processos vitais, de métodos ‘in vivo’ e não ‘in-vitro’, em permanente processo de construção e reorganização constante.

E neste sentido, perguntamos: Como pesquisar a partir de métodos (ou estratégias) abertos à intuição, às emergências, ao acaso e às incertezas? Em pesquisa, é possível utilizar uma outra racionalidade que seja mais dialógica, não-linear, criativa, autoeco-organizadora e que traga consigo um método como caminho, como itinerância, em vez de uma lógica formal, linear, simplista e excludente com suas regras e padrões estabelecidos a priori?

A grande pergunta norteadora das discussões sobre este tema será:

No desenvolvimento da pesquisa educacional, como operar a passagem de uma metodologia pautada em uma racionalidade que privilegia a disjunção do saber e da vida, para uma inteligibilidade complexa baseada na interdependência entre sujeito e objeto do conhecimento, entre o sujeito cognoscente e os diferentes saberes teóricos, práticos e existenciais?

E ainda mais, como repensar os diversos procedimentos de pesquisa integrando a epistemologia da complexidade e a transdisciplinaridade? São questões fundamentais a serem discutidas durante o desenvolvimento deste Curso.

Público-alvo

Os principais destinatários deste curso são professores(as), educadores (as) de todos os níveis e modalidades de ensino, bem como gestores, coordenadores pedagógicos, pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação interessados em pesquisa educacional. Também profissionais de outras áreas do conhecimento interessados em pesquisa.

Formato

O curso será totalmente virtual, com quatro aulas síncronas, de 02h cada; elas ocorrerão nos dias 10, 17, 24 e 31 de agosto e as gravações ficarão disponibilizadas na plataforma por mais uma quinzena, para quem não conseguiu participar no momento da ‘live’ e proceder as consultas necessárias. Também serão apresentados textos de autoria das referidas professoras, além de outras indicações de leitura para o aprofundamento teórico desejado.

Metodologia

O curso está organizado em quatro módulos, os quais serão ministrados através ‘lives’ virtuais, levantando-se questões e estimulando o debate por parte dos participantes. Todos os módulos serão complementados por leituras indicadas e deverão ter uma estrutura flexível e adaptada às demandas e necessidades dos participantes, no sentido de garantir os aspectos conceituais, os recursos comunicacionais e as estratégias didáticas. Através da criação de situações que facilitem a interação e a expressão das próprias inquietações, necessidades e expectativas dos participantes serão geradas dinâmicas de discussão, de aplicação, de criação e comunicação de experiências.